sábado, 9 de janeiro de 2010

Ano Novo

[escrito a 1 de Janeiro de 2010]

Soam as doze badaladas, salta-se da cadeira, o copo na mão faz o tão característico "tchim-tchim" ao novo ano e, quando nos apercebemos, estamos a perguntar a nós próprios: "Como será a partir de agora? Melhor? Pior?"

Enfim, quando olho para ontem a única coisa que consigo pensar é: 2009, mais um ano, 365 dias carregados de alegria, esforço, risos, tristeza, partilha, lágrimas, abraços e, acima de tudo, mudança! Muita coisa mudou na minha e nas vossas vidas. Novas sensações, novas dúvidas, mas, apesar de tudo, um sentimento que permanece, a sensação de que foi intenso, sim, mas não foi o suficiente.

Contudo, há uma coisa que não percebo e que me pergunto agora, neste primeiro dia de 2010: Como é que todas estas vivências, todas estas situações e novas experiências, se podem resumir a champanhe, cadeiras, cuequinhas azuis, doze toques de sino, doze passas, doze desejos?

Como é que depois de um ano a viver intensamente nos preocupamos em pedir tudo e mais alguma coisa, o possível e o impossível, naqueles doze segundos, a algo ou alguém que nem sequer sabemos se existe?

Como é que estouramos todos os nossos créditos apenas naquele momento, se o ano são 365/366 dias?

Vamos lá mas é acordar para a vida e fazer pelos sonhos, em vez de esperarmos pela meia-noite do último dia de cada ano para pedirmos ao "além" muita sorte, muito amor, muito dinheiro, muita saúde e muito sei lá o quê...

...e que tal sorrir para aqueles que amamos, abraçar aqueles que amamos, desejar Bom Dia àqueles por quem passamos pela manhã, ler mais, ouvir mais, escrever mais, partilhar mais, ser mais PESSOA?!

Digo-vos que também eu tenho desejos, também eu tenho sonhos. Sim, porque também eu tenho o meu Q de egocentrismo e também eu anseio por um melhor ano, com menos sofrimento que no passado. Mas deixai-me que vos diga que, este ano, e porque, bem ou mal, me tornei numa pessoa mais crescida, mais adulta e, de certa forma, mais consiente, não me concentro nos desejos, porque estes, não passam disso mesmo - uma ambição, um querer mais que profundo - mas sim, nas promessas. Ok, digam-me agora que é hipócrita, que é falso e que é ao jeito dos políticos. Mas quero para este ano, um novo "eu", que em vez de desejar as metas, promete alcançá-las e trabalhar para isso!

E desta forma, correcta ou não, aqui vão as minhas promessas para 2010:
- dedicação, para umas notas melhores
- força, para atravessar os obstáculos
- atenção, para uma melhor percepção dos assuntos
- pesquisa, para uma cultura mais abrangente
- perfeccionismo, para que haja sempre algo a melhorar
- coragem, para aguentar a postura firme nas situações difíceis
- coerência, para que não hajam mal-entendidos
- compreensão, para evitar injustiças para com os outros
- elegância, para uma presença agradável e, acima de tudo, que seja respeitada
- alegria, para aquecer o meu e todos os outros corações
- sorriso, para toda a qualquer altura do dia
- lágrima, apenas para quando for mesmo necessário

e faço questão de destacar este último ponto:

- estudo, muito estudo, para ser alguém um dia! Isto, clarinetísticamente falando, claro.

Prometo - e esta é talvez a promessa que mais quero levar a cabo, talvez porque já o deveria ter feito há bastante tempo, mas, por falta de coragem, ou então, por comodidade, não o fiz - aproveitar todos os momentos para evoluir um pouco mais naquilo que tenho andado a estudar durante estes anos: na Música, mais concretamente, no Clarinete!

Quero, sinceramente, superar todos os meus limites neste novo ano, não desperdiçar um momento que seja para ser grande, para ser MAIOR!

Finalmente, e em jeito de despedida, digo-vos, depois de todo este palavreado, que tenho sim, um desejo muito profundo - ter força de vontade para cumprir tudo aquilo que prometi!

Sim, porque, apesar de estar aqui a fazer trocadilhos de palavras a dizer que vou fazer isto ou aquilo, que não desejo, mas que prometo, etc., não fui hoje abençoada com aquela coisa chamada "vontade" para ser capaz de pôr a trabalhar alguns dos músculos das pernas, os suficientes para me fazerem levantar do sofá e ir "dar ao dedo", entre escalas, estudos e peças, e não entre RTP1, RTP2, SIC, TVI, e mais uns quantos canais que a nova tecnologia nos oferece...

Mas enfim, prometo - e agora sim, esta é a última promessa que faço - que hoje será a última vez!

Com vontade de mudar, de trabalhar e amar mais, despeço-me de vocês!

Até um dia destes, BOM ANO!!